Ainda sob o impacto da redução dos juros e da melhora nas exportações do primeiro semestre, o mercado de trabalho deve criar cerca de 350 mil empregos neste ano, na contramão dos últimos três anos em que 2,82 milhões de vagas foram extintas no país.
A projeção foi feita pelo economista Fabio Silveira, sócio-diretor da consultoria MacroSector, após o governo divulgar os dados do emprego em junho, mês em que pela primeira vez neste ano as demissões superaram as contratações.
Foram 661 vagas fechadas em junho, de acordo com o resultado do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), na contramão dos primeiros cinco meses do ano.
“O que aconteceu com o emprego formal em junho já é reflexo da greve dos caminhoneiros, penalizando setores não só ligados ao transporte e logística, mas também ao agronegócios, ao comércio, à indústria e a todos os serviços relacionados a eles”, diz o economista.
A paralisação de 11 dias, no final de maio, deve se estender na produção da indústria e nas vendas do varejo por um período de 60 a 90 dias, afetando o nível da atividade econômica e do emprego, explica.
O que aconteceu com o emprego
2015 1,5 milhão de vagas fechadas
2016 1,3 milhão de vagas fechadas
2017 20,8 mil vagas fechadas
2018 350 mil vagas devem ser abertas *
(*) Estimativa da MacroSector
POR SETOR
De janeiro a maio, 393,12 mil empregos foram criados e o mercado de trabalho dava sinais de que poderia repor parte das vagas extintas desde 2015.
O comércio e a indústria de transformação foram os dois setores que mais encerraram vagas – por volta de 20 mil postos de trabalho cada. Já a agropecuária abriu quase 41 mil vagas, reflexo do desempenho positivo das exportações.
No primeiro semestre deste ano, o Brasil exportou US$ 49,5 bilhões em grãos, carnes, celulose e outros produtos agrícolas, o que representou 44% do comércio exterior brasileiro.
Foi o maior valor registrado para o período desde 2013, e o montante representou aumento de 3% sobre o total exportado em igual período de 2017 (US$ 48,1 bilhões).
A indústria deve responder por 14% a 15% das 350 mil vagas que devem ser criadas neste ano, de acordo com a consultoria. A maior parte dos empregos deve ser gerada no comércio e na indústria.
Apesar de melhor que o dos anos anteriores, o desempenho ainda será insuficiente para repor as vagas perdidas e o ingresso de cerca de 1,5 milhão de pessoas que todos os anos entram no mercado de trabalho.
“No atual cenário, o varejista não está pensando em dobrar seus estoques e contratar muita gente”, diz.
O índice de confiança do comércio é prova disso. O indicador, calculado pela FGV (Fundação Getulio Vargas) caiu 0,8 ponto em julho e chegou ao menor patamar desde agosto de 2017.
ENQUANTO COMÉRCIO FAZ MUTIRÃO…
Com o cenário de redução de vagas e menores perspectivas de contratação, o Sindicato dos Comerciários de São Paulo vai fazer o segundo mutirão de emprego, no dia 6 de agosto, para oferecer 2 mil vagas.
Os candidatos devem levar carteira de trabalho, identidade, CPF e um comprovante de endereço à sede da entidade (rua Formosa 99, centro de SP) e receberão uma senha e para concorrer a uma vaga.
Entre as oportunidades que serão oferecidas em parcerias com empresas do setor há vagas para vendedores, analistas de sistema, gerentes, motoristas, entre outras.
Em julho, mais de 10 mil pessoas foram ao vale do Anhangabaú em busca de uma das 1.900 oportunidades oferecidas na primeira edição do feirão do emprego, de acordo com o sindicato.
Nessa ocasião, participaram do mutirão empresas como Telhanorte, Makro, Pão de Açúcar, Clovis Calçados, Carrefour, Droga Raia/Drogasil, Supermercado Hirota, Santil, entre outras.
…TURISMO CORTA VAGAS
O setor de turismo no Brasil fechou 11.689 empregos de janeiro a junho deste ano, de acordo com o estudo Empregabilidade no Turismo, feito pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), a partir de dados do Caged.
O Rio de Janeiro foi o Estado que mais cortou oportunidades de trabalho, com as empresas afetadas pela queda nas vendas, e São Paulo, a região em que o nível de emprego mais avançou.
No primeiro semestre de 2017, o setor também ficou no vermelho com corte de 13.061 vagas.
Na avaliação do economista Antonio Everton, da CNC, a melhora do setor vai depender, no curto prazo, do otimismo dos consumidores quanto às perspectivas do mercado de trabalho, da estabilidade dos preços e de um fôlego na renda para gastos novos nos orçamentos, além da capacidade de a economia voltar a crescer
“Enquanto isso não acontecer, o emprego no turismo continuará sofrendo as oscilações da conjuntura econômica, retrato do desempenho das empresas do setor”, afirma Everton.
A alta do dólar atrapalhou os planos das famílias que pretendiam viajar para fora do país, e essa maior cautela do consumidor tem impacto nas vendas e no nível de emprego do setor.
FONTE: https://varejoemdia.com/2018/07/31/brasil-deve-criar-350-mil-empregos-em-2018-apos-destruir-28-milhoes/